Nas ruas e fora delas, ressurgem protestos e manifestos contra Bolsonaro
As manifestações do final de semana passado marcam reação à escalada agressiva e de confronto que Bolsonaro e seguidores fazem contra as instituições, especialmente o Judiciário. Os ataques seguidos à democracia e à ordem constitucional estabelecida já estavam sendo alimentados por grupos bolsonaristas e suas redes de fake News. Os alvos preferenciais são o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e a imprensa.
Atos distintos: um pela democracia; outro, contra o STF, fotos reprodução das redes sociais
Ganharam nos últimos meses a adesão do presidente, que chega a participar de atos, usando para isso até recursos públicos, como passeio em helicóptero. Nesse último domingo, levou consigo até o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, deixando a entender que teria apoio dos militares às suas bravatas. Chegou a desfilar até a cavalo em Brasília, copiando gesto que fazia, na ditadura, o general linha dura Newton Cruz.
Todos os pequenos acenos ao diálogo que o presidente sinaliza fazer, vez ou outra durante a semana, são desfeitos no final de semana, quando participa, pessoalmente, de atos de rua intimidatórios e de incentivos ao confronto.
Confrontos podem se agravar
Dessa vez, no entanto, as reações a essa onda foram para as ruas e por setores da sociedade organizada. Pelas ruas de algumas capitais, grupos contrários ao presidente voltaram a se manifestar, apesar da pandemia, para contrapor os atos dos aliados do presidente. Esses já andavam pelas ruas em desafio às regras do isolamento social, até porque, como Bolsonaro, contestam a pandemia.
Reflexo das disputas políticas, o confronto pode se agravar ainda mais daqui pra frente. O embate chegou às ruas no domingo (31). Em alguns casos, houve confusão e atos de extremismo e violência, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, também houve manifestações, passeatas e carreatas pró e contra Bolsonaro. Houve até, pasmem, união de torcidas de futebol rivais convergindo para a defesa da democracia.
Proliferam manifestos e abaixo-assinados
Fora das avenidas, registra-se outra onda de manifestos em favor da democracia, que tomou as redes sociais e as páginas de jornais nos últimos dias. A sociedade civil está se mobilizando com abaixo-assinados e outras manifestações.
Até o momento, vários manifestos estão sendo feitos. O maior dele é o ‘Estamos Juntos’, que reúne artistas e intelectuais até de campos ideológicos diversos. No final de semana, alcançou mais de 150 mil assinaturas. Outro, chamado ‘Basta!’, é organizado por juristas e advogados e foi lançado no domingo (31), com mais de 700 assinaturas. Reúne nomes de peso do direito e ex-ministros da Justiça.
Um terceiro levou o nome de ‘As Forças Armadas e a Democracia’ tem assinatura de 170 profissionais ligados ao direito, entre eles três ex-ministros da Justiça. Pedem que as Forças Armadas respeitem a democracia.
Tribunais de Justiça defendem STF
Os presidentes dos 27 Tribunais de Justiça do país manifestaram “integral apoio” ao STF, alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro. “Não há espaço para retrocessos, ainda que ataques pontuais neste momento delicado para as instituições brasileiras, tentem desestabilizar a tão sonhada consolidação da nossa democracia”, diz o texto.
Igualmente, o manifesto de procuradores, assinado por 535 integrantes do Ministério Público Federal, foi divulgado na quinta (28). Defendem a aprovação pelo Congresso de proposta que obrigue o presidente da República a escolher a chefia da Procuradoria Geral da República por meio de lista tríplice votada pela classe.
A Comissão Arns de Direitos Humanos divulgou manifestação na qual afirma se preocupar com “manifestações desestabilizadoras feitas por agentes públicos” e que atingem o STF e seus ministros.
Maioria quer fazer valer sua posição
O ‘Somos 70 por cento’ é campanha contra o presidente com apoio de celebridades como a apresentadora Xuxa. Os 70% referem-se ao fato de que a base de apoio do presidente é de apenas 30%, conforme as últimas pesquisas. Deduz-se que os outros 70% não o apoiam. De acordo com as últimas pesquisas a rejeição à gestão Bolsonaro cresceu e cravou os 50% e, nessa toada, teria espaço para crescer.
A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital – Fenafisco, adverte que não se permitirá ser omissa diante da perigosa escalada autoritária. “A cada dia, se parece menos com mera retórica ou bravata e mais com um projeto político liderado por um grupo minoritário na sociedade, mas extremamente belicoso e intolerante”, sustentou.