Bolsonaro copia modelo e obras de Lula para tentar se reeleger em 2022
Sem perder tempo e sem cerimônia, Bolsonaro largou a cartilha liberal do ministro Paulo Guedes (Economia) para reeditar modelo e obras de Lula e Dilma para tentar se reeleger em 2022. Para isso, recorre a dois petistas e inimigos políticos do poder em exercício. Por contrariar a mudança, Guedes segue na frigideira que o cozinha a fogo baixo. Quando o “quem manda sou eu” se impõe sobre a ciência, no caso a econômica (como vimos na saúde), o governo perde a identidade e refugia-se em modelo que tenha sido vitorioso.
Bolsonaro visita o Nordeste, foto Alan Santos/PR
Bolsonaro decidiu, então, seguir os passos de Lula. Vai viajar pelo país, dando atenção especial ao Nordeste, onde o petista nadava, ou ainda nada, de braçadas e onde Bolsonaro perdeu em 2018. Essa região concentra o segundo maior colégio eleitoral do país, depois do Sudeste. Para os aliados de Bolsonaro, quem conquista o Nordeste, ainda que parcialmente, terá vida longa. Pelas contas feitas, se ele mantiver os 30% de seus seguidores, poderá se impor em 2022 se abocanhar parte do eleitorado do PT na região. Estaria reeleito.
A opção pela região veio depois que ele experimentou o sucesso de outra política pública do petismo, por meio de políticas sociais como o auxílio emergencial de R$ 600 na pandemia da Covid-19. Contrariando seu ministro da Economia, Bolsonaro quer manter o pagamento até o final do ano, agora, na casa dos R$ 300.
Carona em obras alheias
Além do Nordeste e do pacote social, o presidente resolveu pegar carona nas obras públicas iniciadas pelos petistas. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, deste domingo (30), o governo prevê 33 entregas de obras no segundo semestre, a maioria planejada em governos petistas. Dessas, 25 foram planejadas pelos petistas, duas começaram no governo Michel Temer (MDB) e apenas seis saíram foram iniciadas no atual governo.
As obras rodoviárias representam mais da metade do pacote, mas apenas uma das 18 intervenções foi inteiramente conduzida pelo atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. O restante fez parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado pelo governo do PT em 2007.
É o caso da duplicação da BR-116, tanto na Bahia quanto no Rio Grande do Sul, da duplicação de diversos trechos da BR-101, englobando Alagoas, Sergipe e Espírito Santo. Mais uma, a construção da BR-230, no Pará, conhecida como rodovia Transamazônica. Ou ainda, da construção da ponte do Abunã, que ligará Rondônia ao Acre sobre o rio Madeira.
Muda até nome de programa petista
Não haveria demérito algum dar continuidade a obras iniciadas em governos passados, ainda que de opositores, ao contrário, demonstra compromisso com o dinheiro público empregado ali. O que não pode é enganar, dizer que a obra é de sua inteira iniciativa. Além de fake News, deixa afetado o caráter de quem diz.
Em alguns casos para fugir do plágio, vai mudar o nome do programa, como o Bolso Família, que seguirá o mesmo modelo e vai se chamar ‘Renda Brasil’. Se insistir na mentira, o presidente poderá ser contestado em alguns estados, como o Maranhão. “Não há obras iniciadas por ele. Nenhum programa novo. Ele só está visitando obras alheias e mudando nome de programas já existentes”, criticou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).
Nas redes sociais, Jair Bolsonaro rebateu os críticos neste domingo (30). “O nosso governo, antes de obras novas, queremos concluir obras inacabadas há 10, 20, 30, 40 anos”, afirmou em sua conta no Twitter. O cronograma das obras foi encomendado, segundo o jornal paulista, pelo governo para melhorar a imagem do presidente e aproveitar a popularidade trazida pelo auxílio R$ 600. De acordo com o instituto Datafolha, ligado ao jornal, Bolsonaro atingiu seu maior patamar de aprovação, com 37% de ótimo/bom.
Risco de repetir os erros também
Os petistas Lula e Dilma foram reeleitos, consecutiva e respectivamente, em 2006 e 2010, totalizando 14 anos no poder. O primeiro ficou oito anos no cargo, sendo sucedido pela segunda, que, dos oitos anos, sofreu impeachment no sexto ano de mandato. De outro lado, o próprio ministro Paulo Guedes tem alertado Bolsonaro para o risco de impeachment caso insista em furar o teto de gastos públicos para aumentar as despesas.
Começa corrida eleitoral 2020
Começa, nesta segunda (31), a corrida eleitoral em todo o país pela conquista das prefeituras municipais. Os partidos políticos podem realizar as suas convenções partidárias para definição dos candidatos que irão concorrer nas eleições de 2020. Podem também aprovar coligações para o cargo de prefeito. O prazo termina no dia 16 de setembro.