Antes da licença, Fuad fez mudanças após derrota do vice
Mesmo debilitado, o prefeito de BH, Fuad Noman faz mudanças na gestão contra a turbulência política gerada após a derrota, mais de seu vice, Álvaro Damião, do que sua, na Câmara de BH. Fuad ficou incomodado com a inexperiência de Damião (União) na campanha e no primeiro duelo com a Câmara pelo qual foi, a pedido, nomeado secretário de Governo (articulação política). Agora, o afasta dessa missão e chama de volta Anselmo Domingos, apenas como compromisso de campanha.
Vereadores da família Aro criticam Álvaro Damião, foto Dara Ribeiro/CMBH
Na campanha, Damião queria que houvesse aproximação com o ex-candidato a prefeito e então presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (MDB), no 2º turno; Fuad rejeitou. Na semana passada, se meteu na disputa pelo comando da Câmara, guiado por aliados não muito próximos ao prefeito, como o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Fuad não ficou mal com o secretário Marcelo Aro, Casa Civil de Zema e mandante da família Aro na Câmara, porque havia feito acordo de convivência com ele. Sabia do déficit de articulação de seu grupo ante os movimentos de Aro. Resultado, Damião foi incentivado a entrar na briga a oito dias da votação, acreditou que iria vencer e foi esnobado e debochado pela família Aro. Com a perda das credenciais dele, Fuad tomou duas decisões.
Conselho político
Primeiro, chamou de volta Anselmo Domingos para secretário de Governo, função que será burocrática e, segundo, montar um Conselho Político para pensar as decisões e disputas da PBH. Ele quer a gestão 30% política e 70% em obras. Para o Conselho Político, convidou nomes de fora da gestão, como Cássio Soares, deputado estadual e presidente estadual do PSD, e o deputado federal Reginaldo Lopes(PT), entre outros.
Trava bandalheira
Além da questão política, outra medida adotada por Fuad tem o objetivo de evitar casos de desvio e irregularidades. Ao criar a Secretaria de Administração Logística e Patrimonial, na reforma administrativa, nomeou como titular Soraya de Fátima Mourthé Marques. Pessoa de sua confiança, ela foi tesoureira da campanha e terá a missão de centralizar todas as compras da prefeitura, ou seja, licitações serão conduzidas por ela. Com isso, o prefeito quer evitar os riscos da corrupção.
Cruz e calderinha
Um dos motivos que levou Fuad a não se envolver com a disputa na Câmara foi o fato de que as alternativas traziam riscos semelhantes. Se Marcelo Aro é problema, também seria uma vitória do grupo do ministro Alexandre Silveira. Não quer ficar nas mãos de nenhum deles. Com Marcelo Aro, acredita que o interesse dele em ser candidato a senador, em 2026, poderá atenuar seu apetite pelo controle da prefeitura.
Aro e Simões no PSD
Uma das razões da crença de Fuad está no fato de que Marcelo Aro e o vice-governador Mateus Simões (Novo) estão avaliando se filiar ao seu partido, PSD, para as eleições de 2026. O articulador da iniciativa é Cássio Soares, com aval do presidente nacional Gilberto Kassab. Fuad não se opõe, mas já mandou dizer que não apoia essa chapa e que, em 2026, estará ao lado do campo de Lula (PT).
Querer é poder
Circula na Câmara a informação de que Aro quer retomar o comando da Secretaria de Governo da PBH por meio de seu aliado, Castelar Guimarães, que já ocupou esse cargo e, na campanha eleitoral, virou senador.
Placar controlado
Ainda que criticada, a iniciativa de Damião e de seus aliados pode ser encarada como redução de danos. Ao final, Marcelo Aro teve apenas 23 votos contra 18, que podem chegar a 19, já que a vereadora do Novo, Marcela Trópia, não reza em sua cartilha e, por isso, mudou até o nome político para Trópia. Aro não tem votos suficientes para o impeachment do prefeito, e este não terá apoios necessários para aprovação de projetos de quórum qualificado. Por outro lado, Fuad já aprovou no final do ano passado os projetos prioritários da reforma administrativa e o dos empréstimos. Poderá ficar, pelo menos por um ano, governar sem a Câmara.
Livro de Fuad vira filme
Entre outras decisões, Fuad autorizou a contratação de projeto para transformar em filme o livro “Cobiça”, de sua autoria. Atrizes conhecidas já manifestaram interesses. Apontado como “pornográfico” por rivais, o livro foi sucesso de crítica eleitoral nas eleições passadas.
Brasil e PT olham Marília
Se setores do PT ignoraram a posse da prefeita petista reeleita de Contagem (Grande BH), Marília Campos, o futuro presidente do PT, Edinho Silva, faz movimento contrário. No final deste mês, ou início de fevereiro, ele virá a Minas para prestigiar o lançamento do livro ‘O Brasil olha pra Contagem’, de autoria do economista e marido da prefeita, José Prata Araújo, e Ivanir Corgozinho. O livro afirma que Contagem é exemplo de despolarização da política no Brasil. “Marília Campos construiu uma frente ampla com 16 partidos e venceu no 1º turno para prefeita com 60,68% dos votos. Ela venceu nas oito regiões da cidade, em 64 dos 66 bairros e no bairro onde mora com a família”, diz o livro. E mais, Marília terminou o mandato com 80% de aprovação popular. “Contagem e o Brasil merecem política sem ódio, sem confrontação e com esperança de futuro!”, resumem os autores, apresentando a lição que Edinho Silva pretende adotar no PT.
(*) Publicado no Jornal Estado de Minas
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