Comércio vincula reajuste do ônibus de 9,5% à descrença com a PBH
Ao lamentar a falta de planejamento e de aviso prévio por parte da Prefeitura, o comércio de BH vinculou o reajuste da passagem à descrença da população no poder público e à piora no trânsito. “Com a passagem mais cara, temos a animosidade da população em relação ao poder público e suas decisões. As pessoas sentem que, por mais que ela conteste e manifeste sua insatisfação com o transporte público, o valor do serviço é cada vez maior e a qualidade segue caminho contrário”. A avaliação crítica foi feita pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva.
Tarifas de ônibus sobem quase 10% a partir do dia 1º de janeiro, foto divulgação
Segundo ele, outra consequência é o aumento da frota de veículos, em especial motocicletas, que são mais baratas, piorando o trânsito e o aumento do número de acidentes. “Por consequência, o gasto dos hospitais públicos com o atendimento a essas vítimas também cresce”, advertiu.
Maior tarifa do país
Na sexta (27), a Prefeitura de BH anunciou o aumento de R$ 0,50 na tarifa dos ônibus convencionais e do Move em Belo Horizonte, a partir de quarta-feira (1º de janeiro de 2025). A medida vai impactar o poder de compra dos usuários e afastá-los ainda mais do transporte coletivo. Especialistas em trânsito avaliam que o reajuste de quase 10% na tarifa – de R$ 5,25 para R$ 5,75 – é praticamente o dobro da inflação nacional dos últimos 12 meses (4,87%). Ou seja, os passageiros sentirão que a passagem encareceu mais em relação ao aumento das despesas essenciais, como alimentação e moradia. O acréscimo consolida BH como a capital do Sudeste com a maior tarifa de ônibus. A cidade mineira cobra 15% a mais pela passagem do que São Paulo, onde o custo será de R$ 5 por viagem a partir de janeiro.
Prejuízos
A CDL/BH entende ainda que esse reajuste irá prejudicar o planejamento administrativo e financeiro das empresas, bem como afetar o poder de compra. “Solicitamos ao Executivo que houvesse um aviso prévio de, pelo menos, 30 dias para que os comerciantes pudessem se adequar ao novo preço da passagem. Infelizmente, isso não aconteceu e chegamos ao fim do ano sendo prejudicados por esses reajustes. Os lojistas da capital que, em sua maioria, são de médio e pequeno porte, terão que arcar com custos que não estavam previstos”, reclamou Marcelo de Souza e Silva.
Em sua avaliação, além do impacto imediato nos caixas das empresas, o reajuste também limita futuros investimentos. “À medida que o comerciante tem um aumento de custos e manutenção de seu negócio, ele precisa realocar verbas para conseguir manter o funcionamento básico, como é o caso do transporte dos funcionários. Nesse cenário, ele deixa de investir em outros pontos, como expansão, valorização do colaborador e, até mesmo, abertura de novos postos de trabalho”, apontou.
Outro ponto levantado pela CDL/BH em relação ao reajuste diz respeito ao poder de compra da população. “Já vivemos um cenário onde as famílias estão mais cautelosas em relação ao consumo em função do aumento dos preços de diversos produtos, inclusive os de cesta básica. Com este novo aumento da passagem, o orçamento fica mais apertado e as pessoas tendem a reduzir o consumo, o que prejudica o desempenho do comércio, que é o principal gerador de empregos da cidade”, enfatiza Souza e Silva.
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