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Cresce oposição a juros altos: CDL/BH, Fiesp e vice-presidente aderem à campanha de Lula

Ao manter a taxa de juros no patamar de 13,75% ao ano, no dia 22, o comitê do Banco Central atraiu contra si uma onda de reprovação e ataques do governo ao comércio e à indústria. O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o mineiro Josué Alencar, repetiu seu falecido pai, o ex-vice-presidente da República, José Alencar. Como vice nos dois mandatos de Lula (2003/2010), Alencar foi um dos principais críticos da política monetária do Banco Central (BC).

Presidente Lula visita reconstrução do Museu Nacional, foto Ricardo Stuckert/PR


Treze anos depois, Josué cravou que as taxas de juros no Brasil são “pornográficas”. De acordo com Josué, é inconcebível o atual índice. “Muitos querem associá-la a um problema fiscal. A tese é que há um abismo fiscal. Então esta não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil”, disse ele, um dia antes da decisão do BC.

O vice Alckmin e o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, fotos Joédson Alves e Alessandro Carvalho/Sebrae/BH


Aperto monetário


Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), esse ciclo de aperto monetário vem comprometendo o desempenho da economia real, que corresponde às atividades ligadas à geração de riquezas, emprego e renda, e colocando em risco a recuperação do país.


“É a quinta vez que a taxa se mantém neste índice. Compreendemos que é uma estratégia do Banco Central para manter o controle da inflação. Contudo, essa longa estagnação nos expõe a problemas financeiros que podem ser evitados, caso haja o corte dos juros”, afirmou o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.


O presidente Lula também voltou à carga contra a decisão do BC. “Como presidente da República, não posso ficar criticando cada relatório do Copom. Eles que paguem o preço do que estão fazendo. A história julgará cada um de nós”.

Fernando Haddad e Josué Alencar/ fotos Rovena Rosa/agência Brasil


Vice de Lula apela ao bom senso


Mais comedido que o primeiro vice Lula, o atual vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também fez críticas. “Não há nada que justifique ter 8% de taxa de juros real, acima da inflação, quando não há demanda explodindo e, de outro lado, no mundo inteiro, há praticamente juros negativos. Nós acreditamos no bom senso e que a gente vá, com a nova ancoragem fiscal, superar essa dificuldade”, disse.


Quebrando uma tradição, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi outro que criticou publicamente o comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária). “A depender das futuras decisões, nós podemos inclusive comprometer o resultado fiscal, porque daqui a pouco você vai ter problema das empresas para venderem, recolherem impostos”, advertiu o ministro.


Emprego e inflação


Lula defendeu ainda que o Senado adote medidas para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se preocupe com o emprego e a renda no país. “Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo, nem pelo presidente. Ele foi indicado pelo Senado. Se esse cidadão quiser, ele não precisa nem conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas também do emprego, inflação e da renda do povo.”


Crédito mais caro


Os efeitos da alta de juros são danosos para toda a cadeia da economia. Segundo o dirigente da CDL/BH, a alta taxa de juros pode trazer problemas como crédito mais caro para os lojistas, elevação da inadimplência, impacto negativo na expectativa de empresários e consumidores, e dificuldade na geração de emprego e renda.


“O setor de comércio e serviços espera o fim deste aperto monetário. Há alguns meses, falamos que é muito importante que o Banco Central adote um sistema de controle da inflação mais moderno, que leve em consideração o fato de que o Brasil está em desenvolvimento, se recuperando dos efeitos da pandemia. Isso demanda investimentos públicos em infraestrutura, saúde, educação e crédito. Ainda que a intenção do aperto monetário seja conter a inflação, a longo prazo poderá comprometer o crescimento da atividade econômica”, advertiu o presidente da CDL/BH.



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